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Lançamento do livro “Edifícios de apartamentos em Fortaleza: universalidade e singularidades”
Como a arquitetura habitacional produzida em Fortaleza incorporou a modernidade? Como ocorreram as mudanças na forma de morar e como elas interferiram na estrutura urbana da capital cearense? Qual o papel do profissional arquiteto na promoção das transformações urbanas e arquitetônicas? Esses e outros questionamentos são respondidos no livro “Edifícios de apartamentos em Fortaleza: universalidades e singularidades”, de Márcia Gadelha Cavalcante, arquiteta, pesquisadora e professora do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design (DAUD) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A obra tem lançamento nesta quinta-feira, 9 de dezembro, às 19 horas, nos jardins da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (Av. da Universidade, 2853). “Edifícios de apartamentos em Fortaleza” é fruto da tese de doutorado da professora, aprovada em 2015 no programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. A excelência e o ineditismo do trabalho resultaram na indicação para representar o referido programa junto ao Prêmio Anparq (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) no ano 2016.
De acordo com o professor orientador, arquiteto e doutor em História pelo IFCH Unicamp, Abílio Guerra, a pesquisa de Márcia Cavalcante mostrou como a verticalização ganhou gabaritos cada vez mais expressivos, enquanto a ocupação inicial concentrada na área central de Fortaleza migrou gradativamente para o leste, em direção à Praia do Futuro. “Por outro lado, não se verifica em Fortaleza a decadência severa em áreas das primeiras verticalizações, datadas da década de 1930. Essas, ao contrário, são habitadas por camadas médias ou populares, que mantêm os vínculos orgânicos entre habitação e cidade”, avalia Guerra.
Evolução urbana
Em quatro capítulos, o livro apresenta uma espécie de história da evolução urbana de Fortaleza a partir das formas arquitetônicas dos edifícios de apartamentos, sendo dividido em quatro períodos: Gênese e diversidade (1935-1959); Hegemonia dos sólidos modernos (1960-1971); Incorporação do pilotis (1972-1978); e Consolidação das torres (1979-1986).
Segundo a autora Márcia Cavalcante, o objetivo geral da pesquisa foi o de analisar criticamente a produção dos edifícios de apartamentos em Fortaleza entre os anos 1935 e 1986, enfatizando processos históricos que contribuíram para suas transformações socioculturais, tecnológicas, legais e ambientais – assim como a contribuição dos arquitetos, com objetivo de identificar o diálogo entre universalidades e singularidades.
“O trabalho de campo da pesquisa foi realizado durante dois anos e levantou 396 obras. Inicialmente foi feito um levantamento quantitativo na cidade, pois não havia documentação junto aos órgãos públicos. Utilizamos o Google Earth no reconhecimento inicial dos exemplares, além da experiência profissional pessoal, as pesquisas bibliográficas iniciais, e o conhecimento da arquitetura local na identificação visual das características tipológicas. Deste número, 58 edifícios foram visitados, onde selecionamos 19 prédios que referenciassem o estudo das especificidades arquitetônicas do edifício residencial multifamiliar dentro dos critérios como período histórico, adequação do lugar, inovações técnicas, interlocução com tendências arquitetônicas nacionais e internacionais e manutenção das características originais do projeto, principalmente em relação aos revestimentos externos”, explica Márcia.
Para o professor Ricardo Alexandre Paiva, que assina o prefácio da obra, Márcia Cavalcante é seguramente uma das pouquíssimas mulheres a atuar profissionalmente em projetos de edifícios multifamiliares, num nicho de mercado dominado na sua maioria por arquitetos. “O livro expressa, por intermédio da quantidade e a qualidade do texto e das imagens, a capacidade de sistematização, objetividade e gestão das informações coletadas, atributos essenciais para quem se propõe a trabalhar com acervos e inventários no vasto e complexo campo da história e historiografia da arquitetura. A contribuição da obra não é exclusiva para as práticas de ensino e pesquisa; a sua publicação tem implicações na práxis arquitetônica e na valorização do campo profissional da Arquitetura e Urbanismo no contexto histórico e social. Nesse sentido, há muito o que celebrar face às escassas publicações sobre a arquitetura no Ceará”, opina Ricardo Paiva.