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Exposição “Sempre fomos modernos” (abertura)
A Universidade Federal do Ceará e o Museu de Arte da UFC (MAUC) são, inegavelmente, dois agentes basilares de um Ceará moderno. Partindo deste preceito – e para encerrar as atividades de comemoração dos 60 anos de fundação do MAUC, a exposição “Sempre Fomos Modernos” entra em cartaz a partir do dia 30 de abril, propondo um olhar crítico sobre a modernidade a partir da palavra (logos) e da imagem (ícone), dois dos mais importantes dispositivos modernizadores da civilização ocidental.
“Sempre Fomos Modernos” é uma paráfrase paródica na qual a ideia de que o atual contexto histórico é a afirmação do fracasso do projeto moderno é colocada sob uma perspectiva inversa: as ruínas do presente, seu estado constante de urgência, seu cariz distópico e apocalíptico – pandemia, guerra, fome, miséria em escala global, exclusão, extermínio, genocídio, fundamentalismo religioso-político, destruição ambiental, a colonização, o imperialismo, o nacionalismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, a misoginia, machismo, migração compulsória e campos de refugiados.
Além de Martins e Bandeiras, obras de Mestre Noza, Miró, Nice, Chico da Silva, Beatriz Milhazes, Descartes Gadelha, Rembrandt, Vitalino, Tomie Ohtake entre outros também estarão na mostra em cartaz no Museu de Arte da UFC(Mauc) de 30 de abril a 29 de julho de 2022.
Unidos pelos fios conectores do movimento modernista, reconhecido na Semana de Arte Moderna de 1922, todos os artistas que integram a exposição apresentam obras que romperam com os padrões do tradicionalismo vigente em suas épocas, movidos pela experimentação com liberdade estética, na intenção de modificar os modos de pensar e de viver, avaliar as identidades individuais e coletivas.
As obras/imagens são exclusivamente do acervo do MAUC (pinturas, guaches, desenhos, esculturas em barro, madeira e bronze, gravuras entre outras), expostas sob uma ótica curatorial que, sem romper absolutamente com a memória expográfica do museu, mas, contrariamente, em diálogo com ela, permite, ao visitante, tecer outros e próprios percursos. Pela espessura semântica, pelo vazio da elipse, menos que um atlas mnemosyne, “Sempre fomos modernos!” estabelece um jogo com regras elásticas de remissões entre palavras e imagens, às vezes, de simples ancoragem ou ligação, noutras, estranhas e intempestivas. O visitante é o editor.
A exposição é uma realização do Museu de Arte da UFC com o apoio do Sesc Ceará, do Memorial da UFC, da Imprensa Universitária e do Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Cultura e Arte (PPG-Artes/ICA/UFC), e ficará em cartaz até 29 de julho.
Além de ser alusiva aos 60 anos do museu e aos 100 anos da Semana de Arte Moderna, a exposição celebra, ainda, os centenários de nascimento de Aldemir Martins e Antônio Bandeira. O negro e o descendente de indígena que pintaram o Ceará moderno. Antropófagos “de vera”, poucos nos traduziram tão afinados com o seu tempo, com o presente, sem enjeitar a memória, a tradição popular, nossa ancestralidade iberoafrotupiguaranisertaneja. Amazonas, a selva, a cidade azul (Fortaleza?) em festa, a “Cidade queimada de sol”, o sol, as fagulhas da fundição do pai; gatos, muitos gatos, coruja e galo, graviola, sapoti, cajus, cangaceiros, rendeiras, as rendas, o alto contraste da xilo, o jogador de futebol… Múltiplas referências! Foram os espinhos de mandacaru com que espetaram a almofada do tempo e teceram seus e novos rendilhados, num gesto de resistência e liberdade; contra toda necropolítica, uma afirmação de vida.
OBS: para visita de grupos com mediação pelo Núcleo Educativo do MAUC é necessário realizar um agendamento enviando e-mail para nemauc@ufc.br.